quinta-feira, 8 de maio de 2008

Trabalho de Investigação em Curso


Saúde Mental do Aluno (Sequeira, 2008)
(mais informações sobre o estudo: carlossequeira@clix.pt)

Introdução
Na sociedade actual a maioria das pessoas vive um período de stresse quotidiano, devido em grande parte, ao estilo de vida adoptado, no qual a competição é o principal denominador. Esta comunalidade, constitui uma realidade nos estudantes do ensino superior que, são alvos de inúmeras pressões, desde a separação física dos pais, à exigência do ensino, à adaptação a uma nova etapa (amigos, meio físico, …), à necessidade de corresponder às expectativas depositadas sobre eles, etc.
Estes factores pode ser percepcionados de forma positiva (bem-estar psicológico), ou de forma negativa (distress psicológico), quando não se verifica uma adequada adaptação.
O ingresso no ensino superior associa-se a um processo de transição que necessita de ser bem nutrido, com conteúdos e apoios, de modo a contribuir para sucesso e a evitar a insatisfação/morbilidade. O período lectivo está recheado de fontes de stresse (frequências, avaliações, ensinos clínicos, competitividade, as notas para ingressos no mundo de trabalho, etc.) que exigem dos alunos a robustez necessária para transformar o possível distress em eutress.
A capacidade para gerir as variáveis positivas em termos de saúde mental são determinantes para proporcionar uma transição equilibrada na tríade secundário – superior - trabalho.
Em termos positivos entende-se a saúde mental como um estado de funcionamento óptimo do ser humano, no qual a promoção das qualidades da pessoa a optimizar o seu potencial é fundamental (Lluch, 2001; 2003).
Os docentes verbalizam com frequência que os alunos revelam elevados consumos de substâncias adictivas (psicofármacos, álcool, drogas, etc.), que por vezes manifestam níveis de ansiedade excessiva, que se encontram deprimidos, entre outros aspectos.
Na maioria das vezes, estas situações só são identificadas em situações extremas, ou seja, em situações de morbilidade em que, o recurso a apoio psicológico/psiquiátrico é determinante.
Material e métodos
Trata-se de um estudo exploratório e correlacional de forma longitudinal, durante um período mínimo de quatro anos (2008/2011).
Pretende-se com este trabalho avaliar a capacidade do aluno em termos de gestão das variáveis positivas que integram a saúde mental, monitorizar o consumo de substâncias e efectuar o diagnóstico da morbilidade psiquiátrica.
A população em estudo será constituída pelos alunos que ingressem no curso de licenciatura em Enfermagem a partir do ano lectivo 2007/2008, na Escola superior de Enfermagem do Porto.

Instrumentos a utilizar:
Questionário de saúde mental positiva de Lluch (2003)
Trata-se de um questionário com 39 questões que contém uma série de afirmações sobre a forma de pensar, sentir e agir de cada um, agrupadas em seis dimensões (satisfação pessoal, atitude positiva, auto-controlo, autonomia, capacidade de realização de problemas e habilidades de realização interpessoal), que oferece aos inquiridos quatro possibilidades de resposta (sempre ou quase sempre; com bastante frequência, algumas vezes, quase nunca ou nunca.
European School Survey on Alcohol and other Drugs (ESPAD/2007) - Direcção Geral de Saúde, Dra. Fernanda Feijão - Coordenador do ESPAD Portugal.
Deste questionário serão apenas utilizados os itens:
Substâncias psicoactivas Lícitas (álcool e tabaco);
Produtos farmacêuticos (sedativos, tranquilizantes, hipnóticos,...);
Substâncias psicoactivas ilícitas (Haxixe, erva, ecstasy, anfetaminas, ...).
Em cada item será avaliado o consumo, a frequência, o contexto e a motivação.
Inventário de Saúde Mental (ISM) de Ribeiro (1999)
O ISM é um questionário de auto-resposta, que inclui 38 itens, com cinco a seis possibilidades de resposta.
Os 38 itens distribuem-se por cinco escalas (ansiedade, depressão, perda de controlo emocional, afecto positivo e laços emocionais), que por sua vez, se agrupam em duas grandes dimensões: o Distress psicológico e o Bem-estar psicológico

Protocolo de colheita de dados
Inicio de 2008 – primeira avaliação. Nesta avaliação serão identificados os alunos que apresentam risco de mobilidade psiquiátrica, consumo de substâncias psicoactivas e/ou morbilidade psiquiátrica. Será elaborado um plano de intervenção individual para cada aluno com a sua concordância. Este plano será avaliado semestralmente.
Maio de 2008 – segunda avaliação;
Maio de 2009 – terceira avaliação;
Maio de 2010 – quarta avaliação;
Maio de 2011 – quita avaliação.
Em cada avaliação será efectuado um processo idêntico ao descrito na primeira avaliação.
Serão respeitados todos os princípios éticos inerentes a um trabalho de investigação, no qual, a participação será voluntária e cada participante pode desistir a qualquer momento, sem que daí advenha qualquer prejuízo para o mesmo.
Já se obteve a devida autorização para a aplicação dos instrumentos (autorização dos autores e da instituição onde se concretiza o trabalho).

Análise de dados
Os dados recolhidos serão editados pelo investigador numa base especificamente criada para o efeito no programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 13.0 do Windows.
A edição dos dados pessoais, que identifique os alunos, será efectuada separadamente da base geral dos mesmos, para garantir a sua confidencialidade.
O conjunto das informações recolhidas será inicialmente analisado de acordo com a metodologia descritiva usual, após a sua informatização.
Após a avaliação das características de distribuição amostral, as variáveis quantitativas contínuas serão descritas através de medidas de tendência central (médias) e dispersão (desvio padrão), se normalmente distribuídas, e recorrendo à mediana, âmbito de variação e quartis, nas que apresentem outro tipo de distribuição, nomeadamente após tentativa de transformação. As variáveis quantitativas serão comparadas pela prova t de Student, análise de variância (ANOVA) e coeficiente de correlação de Pearson ou equivalentes não paramétricos.
Para analisar a associação entre variáveis nominais, as distribuições de frequências serão estudadas recorrendo ao teste Qui-Quadrado (c2), com correcção de Yates, quando o valor esperado em algumas células for inferior a 20 e quando esse valor for inferior a cinco utiliza-se a técnica exacta de Fischer.
No estudo de validação dos instrumentos, a consistência interna é avaliada através do alfa de Cronbach e a determinação do número de factores é efectuada com o recurso à análise dos componentes principais com rotação ortogonal segundo o método Varimáx.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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